Para a Febraban, tendência mostra preferência dos clientes pelo sistema digital, mas sindicato entende que há prejuízos
A digitalização dos serviços reduziu a quantidade de agências bancárias em Sorocaba, mas não de maneira significativa. De acordo com o Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região, nos últimos cinco anos, o total de postos de atendimento na cidade passou de 100 em 2018 para 88 atualmente -- queda de 12 unidades ou 12%. Além disso, a entidade entende que, devido ao grande número de habitantes, o município não registra um fechamento tão frequente de unidades como ocorre em outras cidades menores da região. Por outro lado, independentemente da oferta de serviços virtuais, muitos clientes ainda preferem ir a uma agência, ao invés de acessar pelo computador ou smartphone.
Das 119,5 bilhões de transações realizadas no setor bancário em 2021 -- último dado apurado segundo a mais recente Pesquisa de Tecnologia Bancária -, 67% foram realizadas através do celular ou internet. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), essa seria “uma demonstração do elevado grau de digitalização dos usuários bancários, que leva as agências, responsáveis por apenas 3% das transações em 2020, a um importante momento de readequação e redefinição de papel, adotando cada vez mais um modelo de negócios e consultivo ao invés de uma predominância de atividades transacionais.”
Os dois lados
Atualmente, praticamente todas as operações bancárias podem ser feitas de forma eletrônica. Pelos canais digitais dos bancos é possível fazer pagamentos de contas, transferências, DOCs e TEDs, contratar crédito, investimentos, aplicações, seguros e planos de Previdência, consultas de saldos e extratos e renegociar dívidas, entre outras operações. “Muitos serviços que anteriormente necessitavam da ida do cliente até a agência, agora podem ser feitos de maneira virtual, o que diminui a demanda presencial e causa fechamentos (de agências) e, consequentemente, demissões”, disse o presidente do sindicato, Júlio César Machado.
O sindicalista considera a digitalização dos serviços -- bem como a redução das agências -- extremamente negativa e prejudicial ao trabalhador bancário, devido às demissões. Além de ser prejudicial aos clientes que ainda preferem -- ou necessitam -- de atendimento presencial. “O papel do movimento sindical é sempre se mobilizar quando houver uma sequência expressiva de fechamentos de agências do mesmo banco ou cidade para tentar reverter ou amenizar os danos causados”, explicou o representante dos bancários.
Outra consequência da digitalização seria o fim das agências bancárias físicas. “Isso pode ocorrer, já que cada vez mais serviços podem ser feitos pela internet. Porém, não existem dados oficiais que mostrem uma previsão sobre isso. Sem falar do crescimento dos bancos digitais, que também influencia no fechamento de agências físicas de outras instituições. Mas essa possibilidade existe sim”, afirmou o presidente do sindicato.
O aumento dos serviços pelos bancos digitais também fez muitas agências físicas retirar as portas com detectores de metal. A grande maioria que optou pela alteração não possui movimentação financeira. Em relação a essa decisão, Júlio destaca que não existem pontos positivos em retirar o detector. “O sindicato não concorda com nenhuma alteração que possa causar a falta de segurança aos funcionários de uma agência bancária”.
Novo perfil do consumidor
Em nota, a Febraban ressaltou que a digitalização dos serviços bancários visa atender o novo perfil do consumidor, que busca e encontra comodidade, segurança, e rapidez nos meios eletrônicos dos bancos. “Cada vez mais os clientes vêm utilizando as agências bancárias como ponto de atendimento e fechamento de negócios, migrando as operações transacionais para os meios digitais, para sua conveniência”.
Em relação à retirada das portas com detector de metal, o órgão informou que solicitou à Polícia Federal que as agências que se transformaram em unidades de negócios e não têm movimentação financeira possam retirar as portas giratórias, com adoção de procedimentos complementares para vigilância e monitoramento do ponto de atendimento. Já para as agências onde há movimentação financeira, a exigência permanece.
A Febraban explicou ainda que a segurança bancária é regulada pela lei federal 7.102/83 e, por essa legislação, todo estabelecimento financeiro deve ter plano de segurança aprovado pelo Ministério da Justiça, composto por vigilância armada, sistema de alarme e, no mínimo, um dispositivo mecânico ou eletrônico de segurança, tais como porta de segurança com detectores de metais ou fechadura eletrônica programável com retardo de tempo para abertura do cofre.
Fonte: Jornal Cruzeiro do sul